O golpe militar sofrido pelo presidente hondurenho, Manuel Zelaya, no dia em que promovia consulta popular para respaldar uma nova Assembleia Constituinte, acaba sendo elemento secundário para os editores de ZH, o mais importante é informar que ele é aliado de Chávez, um certo esforço no sentido de desqualificar o presidente deposto. A manchete de capa passa essa informação e o mesmo acontece na manchete interna da página 26 (acima). É para não sobrar nenhuma dúvida.
O presidente Zelaya foi eleito pela direita liberal hondurenha em 2005. Mas no curso de seu governo começou a buscar apoio popular através de políticas públicas que resgatassem a imensa dívida social das oligarquias locais para com os camponeses e trabalhadores urbanos hondurenhos.
Horas atrás acabou sendo vítima da solução histórica encontrada pelas elites para impor a sua vontade minoritária e intolerante – o uso das forças armadas para golpear um presidente civil que procurava governar com soberania e espírito republicano. Um filme velho e embolorado, mas que continua sendo o predileto das oligarquias latino-americanas.
O inédito é que em nome da legalidade e do direito, os gorilas o tenham golpeado precisamente no dia em o presidente promovia uma consulta popular para preparar uma nova Constituinte, ou seja, por ter respeitado o jogo democrático e promovido a participação popular é que Zelaya foi duramente golpeado.