Mulher:
Se te ensinaram a ter uma voz macia,
A amar com paixão A cuidar com carinho
- Isso não precisa ser um problema
Mas se sua voz se cala diante de outra mais forte
Se o amor vira submissão
E se o cuidado impede a luta
- Nem que seja por um momento
Pode ser necessário gritar,
Odiar
E criticar com firmeza:
Por amor
Lira Alli
A sociedade patriarcal capitalista desenvolve múltiplas desigualdades. Este sistema inaugura uma divisão entre público e privado e, extensivamente a esta, uma divisão entre produção e reprodução social. Desta forma, a divisão sexual do trabalho estabelece que a responsabilidade pela reprodução social é das mulheres no trabalho doméstico. O que garante, gratuitamente ao capital, a reprodução da força de trabalho, sendo, portanto, condição material da exploração e dominação que sofremos.
No trabalho fora de casa, geralmente em atividades extensiva as domésticas, também favorecemos a acumulação capitalista ao ocuparmos tarefas mais precarizadas, sem direitos trabalhistas com os menores rendimentos. Além disso, a dupla jornada de trabalho dificulta nossa organização política devido ao restrito tempo livre.
Somos responsáveis por 60% da economia mundial apesar da invisibilidade do trabalho doméstico e contraditoriamente 70% dos pobres do mundo. Estes dados demonstram como o capitalismo se apropria e aprofunda a desigualdade que marca a história das mulheres desde a origem da propriedade privada.
Com isto podemos afirmar que a classe trabalhadora não é homogênea. Analisar as particularidades do sujeito revolucionário e as formas ofensivas de exploração que este sofre pelo capital exige percebermos que a classe trabalhadora tem dois sexos. Ignorar esta realidade é fragmentar nossa condição de sujeito favorecendo portanto, este sistema. Nesta perspectiva, explicitarmos as desigualdades não divide a classe, ao contrário, possibilita-nos uma leitura de totalidade que potencializa a nossa luta pela emancipação.
Neste sentido, o encontro do nosso partido com o feminismo é necessário e urgente, pois o feminismo ao confrontar a propriedade privada e toda a ideologia que a sustenta se coloca como perspectiva estratégica para um instrumento revolucionário. Cabe neste momento, lembrarmos de experiências revolucionárias que por não perceber este caráter da luta feminista reproduziram em seu interior a ideologia e os mecanismos de opressão e desigualdade, entre homens e mulheres, na divisão sexual e política das tarefas revolucionárias.
A luta feminista não é isolada, é parte da luta de classes. Numa perspectiva dialética de totalidade, como nos ensina o método de Marx, o feminismo deve compor uma unidade com a luta classista. Afinal a emancipação das mulheres e dos homens impõe uma ruptura com o sistema capitalista, não apenas na base material da produção mas também, no campo dos valores, do modo de vida e da cultura.
Assim, compreendemos que não podemos construir nossa luta por liberdade e igualdade numa perspectiva etapista. Uma vez que o patriarcado, como sistema de dominação e exploração das mulheres, é anterior ao capitalismo e milenar está encarnado no tecido social. Destruí-lo é uma tarefa diária de todas as pessoas revolucionárias que devem, desde já, alimentar novos valores, pautados na igualdade, na solidariedade e na liberdade. Queremos uma revolução por inteiro, libertando mulheres e homens de todas as opressões!
Foi nesta perspectiva que as mulheres da Consulta Popular, representando 13 estados do Brasil, reunidas em seu I Encontro Nacional, na Escola Nacional Florestan Fernandes, firmaram seu compromisso de fortalecimento do nosso partido, com a construção do setor de mulheres. Vimos por meio desta carta, convidar a todas as mulheres e homens do nosso instrumento a compartilharmos ombro a ombro o desafio de imprimirmos uma perspectiva feminista ao caráter proletário, socialista e internacionalista de nossa revolução.
Para tanto, a auto-organização das mulheres do nosso instrumento, orientada pela luta de classe é uma tarefa política imprescindível. Cabendo ao conjunto da organização fortalecer esta luta, preenchendo com o lilás libertário os nossos corações vermelhos.
1 Comment:
Eu estive lá... foi lindo.
SEM FEMINISMO
NÃO HÁ SOCIALISMO!
Beijo com o sentimento da nossa vermelha e lilás esperança, Jana.
Levanteeeeeeee
Post a Comment