Foram elas –as mulheres – que responderam a questão. Não havia acadêmicos, nem acadêmicas cheios de doutorados nesta mesa. E, óbvio, elas responderam muito melhor do que alguém que fica sentado o dia inteiro em cima de livros. Por quê? É que elas têm a prática.
A música e ativista cultural Marieti Fialho deu um relato de uma mulher guerreira. Sem querer menosprezar sua luta, infelizmente não são todas as negras que têm a mesma sorte. Apesar disso, teve a clássica experiência de ter sido rechaçada numa seleção de emprego por ser negra (embora portasse a mesma qualificação profissional da branca que foi admitida). Marieti se reportou à história oficial a fim de mostrar quão arraigada é a discriminação sofrida pelas mulheres: a história omite lutadoras importantíssimas, como a mulher de Sepé Tiaraju e avó de Zumbi dos Palmares.
Igualmente guerreira é a indígena Maria Rosângela da Silva, que passou por várias dificuldades, mas conseguiu sair da sua aldeia para estudar e ter uma profissão diferente da de seus pais.
Trabalhadora da construção civil, Patrícia Braga de Jesus, fez um relato de vida e, ao mesmo tempo, do princípio de uma organização das trabalhadoras. A luta inicial é contra o preconceito dos homens, que não as querem nas obras por acharem-nas incapazes de exercerem esse tipo de ofício. Alguns avanços já vêm ocorrendo: muitos dizem até que as mulheres são mais caprichosas.
Para Luciana, do MMC, a chave da questão está na organização para a busca de soluções coletivas. Mana deu um exemplo pessoal a fim de mostrar como a mulher no campo é oprimida: para pedir um financiamento, o funcionário do banco pediu a assinatura do marido. Ela não poderia arcar com tamanha responsabilidade.
Mana falou um pouco da experiência do seu movimento, que foi criado por uma necessidade das mulheres discutirem seus problemas entre si. Isto porque, muitas vezes, dentro do movimento misto (de homens e mulheres), suas tarefas eram organizar o espaço, fazer cafezinho... jamais coordenar nada!
Assim, na década de 80, um grupo de mulheres insatisfeitas com esta condição criou o Movimento das Trabalhadoras Rurais, que depois se transformou em MMC. Este movimento também se baseia na concepção de Paulo Freire, que diz que só o próprio oprimido pode ser sujeito de sua libertação, ou seja, é a luta das mulheres que as desacorrentará.
Mas a luta das mulheres do MMC vem casada com a luta de todos e todas por uma sociedade justa e igualitária, que só será possível com o fim do capitalismo.
sábado, 26 de junho de 2010
Opressões somadas
A primeira mesa do III Encontro de Mulheres UFRGS (ocorrido nos dias 18 e 19 de julho) mostrou como o sistema capitalista usa as diferenças para oprimir as pessoas. Quer dizer, se uma mulher branca, de classe média alta é oprimida, o que se dirá de uma negra, de uma indígena, de uma camponesa e de uma operária da construção civil?
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