A matemática macabra envolvendo o 11 de setembro e os Estados Unidos
manifesta-se quando voltamos a 1973, quando Washington
apoiou ativamente o golpe militar que derrubou e assassinou o presidente
do Chile, Salvador Allende.
Em agosto deste ano, o governo chileno
anunciou uma nova estatística de vítimas da ditadura do general Augusto
Pinochet (1973-1990): entre vítimas de tortura, desaparecidos e mortos,
40 mil pessoas, 14 vezes mais do que o número de vítimas dos atentados
de 11 de setembro de 2001. Relembrando as palavras do presidente Obama e
seu peculiar conceito de justiça, os chilenos estariam autorizados a
caçar e matar os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens,
mulheres e crianças.
Assim como no Iraque, nem tudo foi morte, dor e sofrimento na
ditadura chilena. Com a chancela da Casa Branca e a inspiração do
economista Milton Friedman e seus Chicago Boy’s, Pinochet garantiu
gordos lucros para seus aliados e para si mesmo também. Investigadores
internacionais revelaram, em 2004, que Pinochet movimentava, desde 1994,
contas secretas em bancos do exterior no valor de até US$ 27 milhões.
Segundo um relatório de uma comissão do Senado dos EUA, divulgado em
2005, Pinochet manteve elos profundos com organismos financeiros
norte-americanos, como o Riggs Bank, uma instituição de Washington, além
de outras oito que operavam nos EUA e em outros países. Segundo o mesmo
relatório, o Riggs Bank e o Citigroup mantiveram laços com o ditador
chileno durante duas décadas pelo menos. Pinochet, amigos e familiares
mantiveram pelo menos US$ 9 milhões em contas secretas nestes bancos.
Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a Dina, polícia
secreta chilena, durante a ditadura, acusou Pinochet e o filho deste,
Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas
e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da
fortuna de Pinochet veio daí.
Liberdade, Justiça, Segurança: essas foram algumas das principais
palavras que justificaram essas políticas. O modelo imposto por Pinochet
no Chile era apontado como modelo para a América Latina. Os Estados
Unidos seguem se apresentando como guardiões da liberdade e da
democracia. E pessoas seguem sendo mortas diariamente no Iraque e no
Afeganistão para saciar uma sede que há muito tempo deixou de ser de
vingança.
do blog RS Urgente
Assista aqui o vídeo de Ken Loach sobre o golpe militar no Chile. Uma versão que a mídia e as classes dominantes ocultam e fazem questão de esquecer.
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