Protesto fortalece a luta da família negra criminalizada em bairro nobre da Capital
A mobilização realizada pela comunidade do Quilombo dos Silva e pelos movimentos sociais, nesta última quinta-feira, foi mais um passo importante para enfrentar essa dura batalha que já dura 400 anos - ela perdura desde os duros tempos de colonização e escravidão brasileiros.
Assim como todo o povo negro que sofre, século após século, pela perseguição e preconceito, os moradores do Quilombo se emocionam em contar sua realidade de repressão. Em frente a autarquia máxima da "república rio-grandense", o Palácio Piratini, todos os moradores presentes se comoveram ao contar como a Brigada Militar segue seus passos e faz qualquer motivo servir para violência e humilhação.
Não basta carregar o peso histórico da opressão. Não foi suficiente o preconceito vivido pelos negros no trabalho, nas escolas, na mídia, na universidade e em tantas entidades vigentes nesse país imerso num grande atraso social. Além de tudo, há também o racismo institucional, que é constantemente incentivado pelo Estado, este que deveria proteger a nação, o povo, seus cidadãos e, portanto, os quase 50% de população ancestral negra que nasceu e vive em solo brasileiro.
A chance de um jovem negro ser morto é 130% maior que a do branco. O salário de um trabalhador negro é 50% menor do que a remuneração do branco. Esse é o racismo que tem total amparo do Estado e da burguesia. Quem ficou sabendo da noite triste em que a polícia invadiu a casa daquela família de crianças, idosos, de homens e mulheres trabalhadores, sabe ainda que a centenária Lei Áurea e todas as outras leis que defendem os direitos humanos, e também o direito dos negros, não foram capazes de garantir a vida digna e o respeito a esse povo perseguido de forma ostensiva até nossos dias.
A repressão policial que a Família Silva vem recebendo é fruto dos anseios mais esplendorosos da burguesia e da classe média. O que esses ricos donos de carros e casas luxuosas querem é varrer daquele bairro nobre, o Três Figueiras, a comunidade quilombola que há mais de 60 anos resiste com dignidade. O que querem é pisotear nos direitos conquistados pelo povo negro que sofre para manter vivo seu espaço, seus costumes e sua cultura milenar. Seu direito de ser negro.
A Família Silva segue na luta contra o racismo institucional, a tortura, o extermínio da juventude negra, a violência de Estado e da polícia.
O povo negro exige a demarcação imediata das terras do quilombo e a reforma agrária!
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