Na última semana, os militares da reserva que eram ativos no período da ditadura civil-militar brasileira lançaram uma nota contra a instauração da Comissão da Verdade, criada para esclarecer quem foram os responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. No texto, com o título "Eles que Venham. Não Passarão", os homens que comandaram a morte e o desaparecimento de centenas de militantes e lutadores/as classificaram a revisão dos arquivos como um "ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia."
Esses torturadores, que até hoje permanecem impunes, se aproveitam de uma lei que deveria perdoar apenas crimes políticos - e não crimes contra a humanidade, como os praticados nos porões da ditadura - e continuam enganando e reproduzindo uma história de mentira sobre o período mais sombrio do nosso país.
Um dos militares que assina a tal carta é o famoso coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de comandar inúmeras torturas e assassinatos enquanto era comandante do Doi-Codi de São Paulo, dentre elas, a do
jornalista Luiz Eduardo Merlino, em 1971. Mas mesmo que seja responsabilizado pelos crimes que cometeu, a Comissão da Verdade não tem poder de punir nem o coronel, nem seus colegas torturadores: o que eles chamam de "revanchismo" está longe de fazer justiça à memória de tantos homens e mulheres mortos pelo regime político cruel que combateram.
Mas não esqueceremos dos lutadores e lutadoras que ousaram combater as crueldades da repressão e sonhar com uma nova sociedade. Queremos memória, verdade e justiça contra os assassinos fardados da ditadura civil-militar. Para eles, fica o nosso recado:
TORTURADORES: ELES QUE NÃO PASSARÃO!
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