A mulher na ótica de dominação do capital produtivo
É a partir da forma como somos encaradas pelo capital, como mercadoria, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.
Roberta Traspadini
Em meio à comemoração das conquistas manifestas pelo dia internacional de luta das mulheres, 8 de março, o debate a ser aprofundado é sobre a particular funcionalidade da diferenciação entre homem e mulher no modo de acumulação capitalista.
Algumas perguntas serão sugeridas como forma dialógica sobre o tema.
O trabalho para o capital é a fonte geradora de parte expressiva de sua riqueza. É através do trabalho, mais bem, da apropriação privada do trabalho alheio que o capital avança, se reproduz, ao longo de seu desenvolvimento histórico.
Assim, o trabalho em todas as suas dimensões é quem gera o valor daqueles, que no capitalismo, possuem suas riquezas materiais.
Sem produção apropriada não há capitalismo. Sua fonte então é a de ao se apropriar do trabalho alheio, consumir parte crescente do tempo cotidiano do trabalhador.
E esse é um elemento central. Ao longo do desenvolvimento das forças produtivas, o trabalho vai ser moldado, em cada época histórica, para ampliar sua produtividade, sem que com isso melhore, todo o contrário, a situação de sobrevivência de grande parte dos trabalhadores mundiais.
O que o capital faz é se apropriar destas diferenças como potencial de seu poder de transformar a diversidade em diferença comercial, mercantil. Isto significa dizer que o oportunismo do capital, provoca, para o trabalho, distinções que gerarão conflitos na compreensão de classe trabalhadora, tamanhas as diferenças de remuneração, ocupação dos postos de trabalho, e projeção entre trabalho intelectual e manual.
Com a apropriação destas diferenças, transformadas em negócios, o que o capital provoca é a produção de um poder ainda maior na sua construção ideológico-cultural, frente aos sujeitos que possuem somente sua força de trabalho como condição de sobrevivência.
As diferenças se transformam em classificações e potencializam negócios para aqueles que se apropriam privadamente delas. É assim como a divisão entre o trabalho feminino e o masculino; e atrelado à ela, o ser homem e o ser mulher, ganha, no capitalismo mais avançado, dimensões importantes tanto para a valorização do capital na produção (com remunerações cada vez menores do trabalho feminino e uma informalidade maior para a mulher), quanto no consumo (políticas de marketing e venda para grupos diferenciados).
Para o consumo, a distinção é essencial para caracterizar grupos, segmentos, indivíduos com a produção de necessidade comportamental de consumir para ser. Isto é muito importante: na sociedade capitalista de produção individualizada, fragmentada, só é cidadão aquele que, mais do que posse, tenha o desejo de consumir.
É a consolidação diabólica de transformar em desejo aquilo que não é realmente necessário. Aí entram em cena, ao invés das classes e de suas lutas, grupos sociais reduzidos a grupos consumidores, com formas específicas de consumo, com base em diferenciações étnico-raciais, de gênero e idade.
Essas diferenciações têm como função concreta, dispor de uma sociedade que, ao estar escravizada numa ponta (produção), não pode estar livre na outra (consumo).
Por isso para o capital, o ser mulher, implica e não implica, diferenças. Implica diferenças que, ao precarizar ainda mais o mundo do trabalho, pressionam para agudizarmos o conflito na luta de classes, com o objetivo de superá-lo. E, não implica diferenças na produção de valor desse modo particular de acumulação, que, com isto, requer que estejamos na luta, como classe organizada, homens e mulheres.
Por isso e muito mais, a luta da mulher, como classe que vive do trabalho é imprescindível. É a partir da forma como somos encaradas, pelo capital, como mercadoria ainda mais precária que a mercadoria trabalho em geral, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.
Em outras palavras, a particular forma de opressão e exploração vivida por nós mulheres, tanto no mercado de trabalho (formal e informal), quanto no processo de produção de valores politico-culturais, traz para a classe organizada, elementos substantivos de, ao compreender os mecanismos gerados pelo capital contra o trabalho, lutar organizada e coletivamente por sua superação.
Nossa histórica tarefa revolucionária é a de trabalhar por uma estratégia que supere esse modo de morte em vida, ora protagonizado por nossa classe, sob o domínio do capital. Nossa tática, como mulheres pertencentes à classe trabalhadora, se vincula à estratégia de, ao frear a extração de valor, lutar por um outro projeto de socialização da produção e das relações sociais que a dão vida.
Assim, o trabalho em todas as suas dimensões é quem gera o valor daqueles, que no capitalismo, possuem suas riquezas materiais.
Sem produção apropriada não há capitalismo. Sua fonte então é a de ao se apropriar do trabalho alheio, consumir parte crescente do tempo cotidiano do trabalhador.
E esse é um elemento central. Ao longo do desenvolvimento das forças produtivas, o trabalho vai ser moldado, em cada época histórica, para ampliar sua produtividade, sem que com isso melhore, todo o contrário, a situação de sobrevivência de grande parte dos trabalhadores mundiais.
É o capital quem cria as diferenças de gênero, raça-etnia e idade?
Não. Estas diferenciações são anteriores a esse modo de produção e também fazem parte dos processos históricos de cunho diferente do capitalista, como as sociedades latinas anteriores à colonização, bem como as sociedades orientais.O que o capital faz é se apropriar destas diferenças como potencial de seu poder de transformar a diversidade em diferença comercial, mercantil. Isto significa dizer que o oportunismo do capital, provoca, para o trabalho, distinções que gerarão conflitos na compreensão de classe trabalhadora, tamanhas as diferenças de remuneração, ocupação dos postos de trabalho, e projeção entre trabalho intelectual e manual.
Com a apropriação destas diferenças, transformadas em negócios, o que o capital provoca é a produção de um poder ainda maior na sua construção ideológico-cultural, frente aos sujeitos que possuem somente sua força de trabalho como condição de sobrevivência.
As diferenças se transformam em classificações e potencializam negócios para aqueles que se apropriam privadamente delas. É assim como a divisão entre o trabalho feminino e o masculino; e atrelado à ela, o ser homem e o ser mulher, ganha, no capitalismo mais avançado, dimensões importantes tanto para a valorização do capital na produção (com remunerações cada vez menores do trabalho feminino e uma informalidade maior para a mulher), quanto no consumo (políticas de marketing e venda para grupos diferenciados).
Para o consumo, a distinção é essencial para caracterizar grupos, segmentos, indivíduos com a produção de necessidade comportamental de consumir para ser. Isto é muito importante: na sociedade capitalista de produção individualizada, fragmentada, só é cidadão aquele que, mais do que posse, tenha o desejo de consumir.
É a consolidação diabólica de transformar em desejo aquilo que não é realmente necessário. Aí entram em cena, ao invés das classes e de suas lutas, grupos sociais reduzidos a grupos consumidores, com formas específicas de consumo, com base em diferenciações étnico-raciais, de gênero e idade.
Essas diferenciações têm como função concreta, dispor de uma sociedade que, ao estar escravizada numa ponta (produção), não pode estar livre na outra (consumo).
Por isso para o capital, o ser mulher, implica e não implica, diferenças. Implica diferenças que, ao precarizar ainda mais o mundo do trabalho, pressionam para agudizarmos o conflito na luta de classes, com o objetivo de superá-lo. E, não implica diferenças na produção de valor desse modo particular de acumulação, que, com isto, requer que estejamos na luta, como classe organizada, homens e mulheres.
Mas isto significa que a luta da mulher é menos importante?
Não. Todo o contrário. Ao se aproveitar de forma oportunista de diversidade, transformando-a em diferenciação, concorrência, mercadoria, o que o capital faz é transformar o mundo do trabalho em grupos fragmentados que disputarão entre si posições a partir daquilo que, aparentemente, estão dispostos a receber. Aqui entra em cena o tema do trabalho assalariado “livre” para parte da sociedade. Outra parte, mais numerosa, classificada como desqualificada para o trabalho formal, é o que no mundo do trabalho fica caracterizado, pelo capital, como trabalhadores informais. Estes, estão fora dos direitos e deveres da ordem burguesa, logo, necessitam ser vigiados e castigados.Por isso e muito mais, a luta da mulher, como classe que vive do trabalho é imprescindível. É a partir da forma como somos encaradas, pelo capital, como mercadoria ainda mais precária que a mercadoria trabalho em geral, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.
Em outras palavras, a particular forma de opressão e exploração vivida por nós mulheres, tanto no mercado de trabalho (formal e informal), quanto no processo de produção de valores politico-culturais, traz para a classe organizada, elementos substantivos de, ao compreender os mecanismos gerados pelo capital contra o trabalho, lutar organizada e coletivamente por sua superação.
Nossa histórica tarefa revolucionária é a de trabalhar por uma estratégia que supere esse modo de morte em vida, ora protagonizado por nossa classe, sob o domínio do capital. Nossa tática, como mulheres pertencentes à classe trabalhadora, se vincula à estratégia de, ao frear a extração de valor, lutar por um outro projeto de socialização da produção e das relações sociais que a dão vida.
Roberta Traspadini é economista, educadora popular, e integrante da Consulta Popular-ES
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