Para fazer um espetáculo teatral gratuito em praça pública, no Rio de Janeiro (RJ), o artista precisa dar entrada num pedido de “nada a opor”, na Secretaria Municipal de Ordem Pública, com 30 dias de antecedência. Já os blocos de carnaval de rua tiveram até o dia 24 de setembro deste ano para pedir a “autorização” da Prefeitura para desfilar no feriado de 2011. É o choque de ordem na cultura popular carioca.
Atores e coordenadores de blocos afirmam que as normas da Prefeitura são inconstitucionais. “Não é concebível que o prefeito [Eduardo Paes (PMDB)] diga quem pode e quem não pode fazer cultura de graça, na rua, para o povo!”, protesta Luis Otávio Almeida, coordenador do Cordão do Boi Tolo e membro da Desliga de Blocos. No dia 19 de setembro, a Desliga promoveu sua segunda Bloqueata, um carnaval-protesto contra o decreto municipal.
Leia a reportagem completa de Ana Lúcia Vaz no sítio do Brasil de Fato
Não é só no Rio de Janeiro que a censura toma conta das ruas. No dia 16 de outubro a Brigada Militar atrapalhou e tentou interromper a apresentação teatral "Árvore em Fogo" da Camabada de Teatro em Ação Direta Levanta FavelA... na esquina democrática em Porto Alegre, tradicional palco de manifestações artísticas e políticas da capital Gaúcha. Confira o vídeo aqui.
Na última sexta-feira (12/11), a atriz e escritora Telma Scherer também foi vítima de uma ação truculenta da Brigada Militar enquanto fazia uma performance artística durante a Feira do Livro de Porto Alegre. O relato desse lamentável episódio pode ser lido em seu blog.
A atriz Telma Scherer é impedida de se manifestar na Feira do Livro em Porto Alegre
A criação de uma Secretaria de Ordem Pública no Rio de Janeiro e as ações repressivas e truculentas da Brigada Militar no Rio Grande do Sul que impedem o livre direito de manifestação de artistas populares demonstram que a ditadura e a censura ainda não acabaram. O DOPS renasce com o nome novo de Secretaria de Ordem Pública. Os milicos trocaram a farda verde-oliva pelas fardas das polícais militares. Só as vítimas continuam as mesmas.
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