Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.
Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
(Carlos Marighella)
(...)
Discordando das teses ortodoxas do PCB, que apontavam a burguesia como aliada dos operários e camponeses no processo revolucionário brasileiro, a organização de Marighella propôs o desencadeamento imediato de operações armadas nas grandes cidades brasileiras, visando com estas a recolher recursos para o lançamento da guerrilha rural. Da luta armada no campo deveria nascer, segundo ele, um Exército de Libertação Nacional, apto a derrotar o Regime Militar e aplicar um programa de transformações cujo eixo mais central era o “antiimperialismo”.
A ALN ganhou projeção dentro e fora do país, em setembro de 1969, ao seqüestrar, juntamente com o MR-8, o embaixador norte-americano no Brasil, por cujo resgate foram libertados 15 prisioneiros políticos e divulgado um manifesto [clique aqui para ler].
A escalada repressiva que se segue termina por atingir o próprio Marighella, morto em novembro do mesmo ano, em São Paulo, numa emboscada comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, notório torturador, num rumoroso episódio que envolvia versões sobre a vinculação de sacerdotes dominicanos com a ALN. Em outubro do ano seguinte, o sucessor de Marighella, Joaquim Câmara Ferreira, é preso em São Paulo, sendo seqüestrado e morto sob torturas pelo mesmo delegado Fleury, num sítio clandestino da repressão. Entre 1969 e 1971, a ALN foi atingida pela repressão em vários outros Estados, sendo detidas várias centenas de seus membros."
Fonte: livro Brasil Nunca Mais
Para ler textos de Marighella, clique aqui.
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