Em entrevista à Revista Estopim, o membro da coordenação nacional do MST João Pedro Stédile fala sobre a importância das eleições na Venezuela para a América Latina.
ESTOPIM - Estamos a um mês da eleição na Venezuela, como e por que os brasileiros envolvidos em lutas sociais devem interferir nesse processo?
Stédile - A eleição da Venezuela pela primeira vez em sua história não será uma eleição nacional, mas continental. O que está em jogo no dia 7 de outubro não é apenas a continuidade do projeto bolivariano. Está em jogo a correlação de forças entre os três projetos que comentei no inicio. Os Estados Unidos estão jogando todas suas forças e armas (sabotagem, imprensa, dinheiro etc) para eleger o seu fantoche Capriles e derrotar o nosso projeto. Se os Estados Unidos conseguem isso, derrotam simultaneamente a possibilidade de projetos alternativos em todo continente.Seriam derrotados o Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC) e a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), em favor da preservação de uma Organização dos Estados Americanos (OEA) falida e sem representação.Seria derrotado o Mercosul, em favor do ressurgimento da Tratado de Livre Comércio (TLC) e a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), que são acordos bilaterais.Seria derrotada a possibilidade de governos progressistas e alentada a direita de todo continente a vir com tudo em cada eleição que tivermos daqui para frente.E como recompensa, se os americanos derrotassem Chávez, levariam de graça a segunda maior reserva de petróleo do mundo, há algumas centenas de milhas de sua costa. E, não se enganem, se formos derrotados na Venezuela, as petrolíferas americanas virão com mais força sobre nosso petróleo do pré-sal que, aliás, foi o único assunto colocado pelo primeiro ministro Britânico na recente visita da presidenta em Londres.Não foi à toa que os tucanos, toda grande imprensa , seus porta-vozes e os políticos festejaram o golpe de estado no Paraguai, aqui no Brasil. Trouxeram golpistas ao congresso brasileiro, enviaram emissários para lá. Da mesma forma, estão apoiando o Capriles, oferecendo apoio midiático e torcendo para que Chávez seja derrotado. É uma luta das forças da direita contra o povo e a esquerda aqui do Brasil, em cada país e em todo continente.Por isso, os movimentos sociais brasileiros e todas as forças populares devem participar ativamente, usar as eleições venezuelanas e as eleições brasileiras para difundir informação, conscientizar, politizar a população brasileira sobre o tipo de disputa está em jogo. Fazer propaganda dos logros do processo bolivariano, mostrar como seria possível e necessário um projeto alternativo que nos liberte das garras do capital financeiro internacional, das empresas transnacionais e da sanha do imperialismo. Ficar atentos e denunciar todas as forças direitistas que apostam em Capriles e que fazem propaganda contra o Chávez e o processo bolivariano.
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