Simultaneamente ao ato realizado em Porto Alegre no dia 28/08 o Comitê Popular Memória, Verdade, e Justiça, promoveu uma manifestação na cidade de Três Passos.
Representado por Calino Pacheco, Romario Rosseto e Anderson Barreto, o Comitê realizou duas manifestações em Três Passos, com a participação de ex-presos políticos e familiares, moradores da região e dezenas de militantes do Levante Popular da Juventude, MPA/Via Campesina, MST, Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Sindicato dos Comerciários.
Liderados por Anderson Barreto, também do Levante Popular da Juventude, militantes do movimento realizaram um escracho silencioso em frente ao Hospital de Caridade para denunciar que em maio de 1970 centenas de pessoas foram presas e torturadas no local. Anderson ressaltou que a manifestação pacifica que estava ocorrendo tinha o objetivo de inserir na história da ditadura do Brasil os tristes acontecimentos que ocorreram na cidade, e que envolveram, ainda, moradores de outros municípios.
A manifestação foi seguida de uma passeata até a Praça Reneu Geraldino Mertz, vereador da oposição e preso político e posteriormente prefeito da Cidade. Na abertura foi lido o Manifesto de Três Passos que propõe, entre outros compromissos, o empenho pela reinterpretação da Lei da Anistia e a punição dos torturadores que cometerem crimes de lesa-humanidade, como o tenente –coronel Paulo Malhães, do DOI – CODI, do Rio de Janeiro, que junto com o DOPS gaúcho comandou as perseguições, prisões e torturas de moradores da região.
O italiano Roberto de Fortini, comandante local do Var – Palmares, veio da Argentina especialmente para o ato, e destacou que Três Passos é uma terra de progresso, uma terra de sangue revolucionário, lembrando que perto dali também passou a Coluna Prestes, “a coluna que mais caminhou e marchou na história da humanidade”.
Com a descoberta do grupo, moradores não só de Três Passos, mas de toda a Região, foram presos e torturados selvagemente. Muitos apenas por serem amigos ou por cumprimentarem os revolucionários. Roberto de Fortini lamentou que ao contrário de outros países como Argentina e Uruguai, no Brasil os torturadores ainda estão soltos e impunes.
Ao encerrar as atividades Anderson Barreto enfatizou que o pedido de punição aos agentes da ditadura não visa o revanche, pois não há intenção de matar, torturar e retirar os direitos civis, a exemplo do que fizeram. ”O que queremos é a justiça para que os crimes de lesa-humanidade não fiquem impunes e para que os brasileiros reconheçam os seus heróis”.
Adaptado Carta Maior
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