Editorial da edição 304 do BrasildeFato
A crise do sistema financeiro internacional ainda não atingiu o seu ápice. Essa é a avaliação dos principais analistas de esquerda em todo mundo.No entanto, as primeiras consequencia da tal "marolinha", como definiu o presidente Lula, já dão sinais da gravidade dessa crise e o que virá nesse ano.Somente nos estados Unidos, já são de 11 milhões de desempregados atualmente. A previsão é de 25 milhões de desempregados em todo o mundo no próximo ano.
No Brasil, o cenário não é diferente: demissões, férias coletivas em montadoras, queda da produção industrial, diminuição da capacidade produtiva, queda dos empregos formais em dezembro, diminuição do consumo, etc.
A crise também tem revelado uma profunda e cínica sinceridade por parte dos capitalistas. Vide as declarações de Roger Agnelli, testa-de-ferro do capital financeiro na Vale - Ex-estatal Companhia Vale do Rio Doce - exigindo flexibilização dos direitos trabalhistas. ou os desesperados pedidos de recursos públicos justamente pelos setores que mais especulam e absorvem dinheiro público nos últimos anos: as montadoras e o agronegócio.
É verdade que o estado pode ser o fiel da balança dessa crise. Poderia adotar medidas como redução da jornada de trabalho, o estímulo ao mercado interno, a regulamentação do mercado financeiro e a construção de uma saída integrada com os países sul-americanos através da Alternativa Bolivariana para as Américas, como propõe a carta dos Movimentos Sociais, entregue há duas semanas.
No entanto, infelizmente, o governo Lula, parece mais disposto a salvar mais uma vez os bancos, especuladores e transnacionais. O pacote de medidas do governo anunciado há poucos dias dá um pequeno fôlego a classe média e permite que as montadoras posam enviar mais lucros para suas matrizes falidas no exterior. Mas não consegue - ou não pretende - atingir os problemas estruturais dessa crise. Mais preocupados com o projeto "Dilma 2010", o governo parece querer salvar primeiro os habituais financiadores de campanha do que os trabalhadores.
Segundo a própria Agência Brasil, da estatal EBC, o governo federal já injetou R$ 360 bilhões para conter a "marolinha", e a maior parte desses investimentos foi para o setor financeiro, R$ 98 bilhões, para que os bancos disponibilizassem créditos. Neste caso os recursos não foram transformados em créditos, mas replicados pelos próprios bancos na compra de títulos do governo. Ou seja, voltaram para o carrossel financeiro sem gerar empregos nem créditos.
Porém, o governo e os empresários não são os únicos atores. Para a classe trabalhadora, a crise pode ser um importante para fazer lutas. Ou seja Representar uma saída para o descenso de massas que assola o país nos últimos anos.
As manifestações de petroleiros e movimentos sociais contra os leilões de petróleo na última semana podem ser indícios de que, finalmente, entraremos em um novo período de mobilizações. Nesse sentido, é fundamenta a unidade de esquerda para enfrentar a crise e defender os direitos da classe trabalhadora. Assim, vemos com bons olhos a decisão das centrais sindicais de realizarem em janeiro, mobilizações conjuntas para defender os empregos de metalúricos. Essas iniciativas são sinais de que as lutas virão, e com elas as conquistas.
A derrocada dos projetos de monocultivo de celulose no sul do pais, dando lugar à expansão dos assentamentos naquela região, representados na conquista da fazenda Southall, nesse mês, são sinais de que, fazendo luta, as vitórias são possíveis.O fato é que os cenários para a crise ainda estão em aberto. Se a Classe trabalhadora demostrar unidade, clareza nos seus alvos, capacidade de organização e força de mobilização, estimulando as lutas sociasis, poderemos ter uma saída pelo projeto da classe trabalhadora.Se resolver apenas em antecipar o calendário ekleitoral, seremos derrotados de antemão. E, se permanecermos passivos, já conhecemos a saída do capital,:mais exploração, menos emprego, menos direitos. Portanto, tod@s à luta em 2009.
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