Educadores, pais e crianças protestaram nesta segunda-feira (02) em todo o Rio Grande do Sul contra o fechamento das escolas em acampamentos sem terra.
MST afirma que não irá parar de lecionar às crianças mesmo com o término do convênio pela governadora Yeda Crusius.
Imagem: Fototaxia/flickr.com
Reportagem: Raquel Casiraghi
Reportagem: Raquel Casiraghi
O primeiro dia do ano letivo da educação pública gaúcha começou com protestos de famílias sem terra em todo o Rio Grande do Sul. Centenas de crianças, educadores e pais realizaram manifestações nesta segunda-feira (02) contra a decisão do governo estadual de fechar as escolas em acampamentos.
Em Sarandi, no Norte do estado, os sem terra trancaram a BR-386 das 9h às 11h. A estrada era bloqueada por 12 minutos com classes e quadro negro, e depois liberada durante intervalos de 30 minutos para o trânsito de veículos. A educadora Delviane Frozzi afirma que dar aula na rodovia foi a forma encontrada pelas famílias para protestar contra o fechamento das escolas itinerantes. Ela conta que apesar da escola do acampamento de Sarandi ter sido a primeira a ser suspensa pelo governo, no início de Fevereiro, as aulas nunca foram interrompidas.
"Já faz uma semana que abrimos as aulas aqui em Sarandi. Porque as crianças estudam onde moram e sobre a realidade em que elas vivem. Pra nós é muito importante", diz.
Em Canoas, na região metropolitana, em São Luiz Gonzaga, nas Missões, e em Pelotas, na região Sul, crianças sem terra tiveram aula em frente às Coordenadorias Regionais de Educação (CRE’s). Elas escreveram cartas endereçadas às CREs em que reivindicam que o governo mantenha as escolas itinerantes em funcionamento. Em Santa Maria, cerca de cem crianças e educadores tiveram que levar as classes e o quadro negro para o saguão da coordenadoria devido à chuva que atingiu a região.
No município de Santana do Livramento, na Campanha, famílias dos acampamentos de São Gabriel protestaram à tarde em frente à 19ª CRE. O prefeito de São Gabriel, Rossano Gonçalves, já declarou que terá dificuldades em atender as crianças devido ao custo de transporte. A integrante do Movimento Sem Terra (MST) Jane Fontoura afirma que as aulas não serão interrompidas mesmo com a suspensão do convênio com o governo estadual.
"A educação não é um problema só do MST no RS, é um problema estadual. Nós professores da escola itinerante passamos nove meses sem receber. Isso significa que com salário ou sem salário o MST produz educação", argumenta.
O fechamento das escolas itinerantes foi determinado em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a Secretaria Estadual de Educação (SEC) e o Ministério Público Estadual (MPE). No termo, o governo se responsabiliza em assegurar vagas na rede pública das cidades mais próximas aos acampamentos, mas prefeitos reclamam do custo com transporte. De acordo com o MST, o fechamento das escolas atinge 600 crianças.
0 Comments:
Post a Comment